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sábado, 5 de novembro de 2011

HOMILIA – SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS


6 de novembro de 2011-11-05

QUEM SÃO OS BEM-AVENTURADOS?

INTRODUÇÃO

1. Dizemos na recitação do Símbolo Apostólico que cremos "na comunhão dos santos", e isso certamente significa que a Igreja peregrina, nós cristãos de hoje, que estamos imersos nos problemas do nosso tempo no mundo contemporâneo, contamos com o imenso patrimônio espiritual da Igreja que já está diante de Deus, a "Jerusalém celeste", como está dito nas Escrituras.

Mas para isso precisamos saber aproveitar o exemplo daqueles que nos deixaram tão precioso legado, fazendo como eles fizeram em suas palavras e ações, em suas vidas de oração e de coragem no agir e no lutar, tendo sempre em vista o amor e a fé, a paz e a justiça, pois foi isso o que fizeram todos os santos e santas de todos os tempos e lugares.

A festa de Todos os Santos tem uma longa história, como quase tudo em nossa Igreja, e surgiu da consagração do Panteão romano (construído pelo general Agripa e dedicado às divindades do paganismo) como templo cristão em 610, e para o qual foram levadas as relíquias dos mártires das catacumbas romanas; a festa foi fixada no primeiro dia de novembro no ano 835 sob o pontificado de Gregório IV.

2. As leituras de hoje são uma preciosa indicação daquilo que a Igreja entende por santidade, vejamos:

No evangelho (Mt 5,1-12a), as bem-aventuranças prometem a felicidade aos pobres e deserdados da terra, (ani em hebraico é literalmente aflito = pobre) , que no entanto, souberam pôr sua confiança no Senhor, em espírito e nas escolhas, nas atitudes assumidas durante a vida: a paz, a justiça, a misericórdia, a pureza de coração, até sofrer a perseguição, a injúria e a mentira "por causa de mim", diz Jesus:

"Alegrai-vos e exultai porque será grande a vossa recompensa nos céus".

Há aqui uma forte lição para os fariseus e saduceus, bem como para a mentalidade materialista daqueles que associam as coisas da fé com uma espécie de meio "divino" de obter os bens terrenos.

Na 1ª. leitura a multidão vestida de branco, que aparece diante do trono e do Cordeiro, trás nas mãos a palma, símbolo do martírio, e se diz que "vieram da grande tribulação" enfrentaram todas as dificuldades, contradições e violências que costumam atingir aqueles que decidem fazer o bem, o que é justo e correto aos olhos de Deus, sem se iludirem com as pompas deste mundo incerto e passageiro.

A 2ª. leitura, no entanto, afirma que "desde já somos filhos de Deus", é agora que escolhemos viver como cristãos (= santos), embora as recompensas ainda não possam ser visíveis, pois pertencem ao momento em que for instaurado o reino de Deus.

3. A figura dos santos é, antes de tudo, um modelo de vida cristã, como uma catequese viva, sobretudo para o povo simples que, no passado, não tinha acesso às Escrituras; eles ouviam as leituras geralmente em latim, o sermão do pregador na língua vernácula e viam nas imagens dos santos o Evangelho concretizado, praticado e vivido. Veio daí o apego do povo aos santos.

É nesse sentido que o Prefácio de Todos os Santos diz, dirigindo-se a Deus: "Contemplamos, alegres, na vossa luz, tantos membros da Igreja, que nos dais como exemplo e intercessão". Esses membros da Igreja, dos quais restaram apenas "martirológios", relatos bastante lendários, episódios heroicos, etc, foram pessoas de carne e osso como nós, tiveram que enfrentar os problemas de seu tempo: injustiças, iniquidades, abusos, erros morais e doutrinais ... ("Santidade em abstrato não existe" K. Rahner), assim como estamos sendo catequizados hoje a enfrentar os problemas do nosso tempo como discípulos de Jesus. Não é nada fácil!

É um bom momento para nos questionar: como estamos encarando os desafios de ser cristãos no mundo atual? Assumimos algum risco? O que esperamos dos santos é "proteção", como se eles fossem amuletos da sorte? Mas isso é pura superstição! Nós devemos buscar uma fé esclarecida, madura e operante, como foi ensinada por Jesus Cristo, o Santo de Deus.

Fonte: Sugestões para a Liturgia Dominical – Comissão de Publicações do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Oração: Pai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu Filho Jesus.

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