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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Domingo, 13 de novembro 2011: 33º Domingo do Tempo Comum – Ano A



Provérbios 31,10-13.19-20.30-31; Salmo 127; 1 Tessalonicenses 5,1-6; Mateus 25,14-30
O mundo em nossas mãos
A imagem do patrão que se ausenta aparece muitas vezes nas parábolas de Jesus. A razão disto é que somos nós que estamos nelas: o próprio Jesus, mesmo sendo a visibilidade do Deus invisível, irá desaparecer. Assim, aqui estamos nós, neste estado de “crer sem ver”. Mais ainda: em certo sentido, Deus não age diretamente no mundo e na história. Os “talentos” foram todos entregues aos homens: estão em nossas mãos. Tudo isto já foi dito com outras palavras, em Gênesis 1,28. E se Jesus volta ao assunto é porque quer que tomemos consciência de nossa responsabilidade e de nossa dignidade. Foi-nos confiada a gestão da obra do próprio Deus. O amor de Deus para com cada um de nós passa pelos outros, por todos os outros: por mim, por vocês... Vivemos isto na aparente ausência daquele que nos faz ser, na noite da fé. Mas, um dia, tudo isto virá à luz: Luz de Deus, retorno do Cristo, a volta do patrão da parábola. Devemos notar as diferenças entre o acerto de contas com os diversos “empregados”: não temos todos, as mesmas capacidades. Não vamos, pois, nos surpreender se outros se saem melhor do que nós. Todo o amor do mundo pode ser posto em cuidar de algo que é “pouco”, mas um pouco que está na medida das nossas possibilidades. E que se tornará como diz Jesus “muito mais”, conforme a palavra usada para qualificar o futuro do primeiro e do segundo empregados. Pode ser pouco o que fazemos, em conformidade com os nossos meios, mas este pouco nos torna participantes da totalidade da obra divina que é a criação do mundo. Podemos notar que as quantias confiadas aos empregados não são recuperadas pelo patrão, mas permanecem em poder dos servidores. Somos, de fato, convidados a entrar na alegria de Deus. “Vem participar da minha alegria!”, diz o senhor aos dois primeiros. Talvez não sejamos bastante ambiciosos.
O terceiro empregado
Não bastante ambiciosos porque não confiantes o bastante. O que se esconde por detrás de nossas indolências e inércias é a penúria de fé. O terceiro empregado enterrou o talento porque desconfiava de seu patrão. Ele o via como um homem severo, que colhe onde não semeou. Não crendo no amor, este terceiro empregado não pode encontrar o amor. Teresa de Lisieux dizia que Deus se comporta conosco conforme a imagem que fazemos dele. Se você acredita num mestre duro, terá que prestar contas a um mestre duro... Pois é exatamente isto o que acontece na parábola. A dificuldade está toda do lado do homem. É o homem que se fecha ao amor; a este amor cuja visita recusa-se a receber, por não acreditar em sua existência. Ao enterrar o talento recebido, o que o terceiro empregado enterrou foi o amor. Amor? Enterrou o próprio Deus. Tudo isto prefigura a Paixão e o Sepultamento do Cristo. O Amor nos deu então a própria vida que dele queríamos tomar. Devido a este último dom, é ele, o Amor, quem tem a última palavra. O novo Adão renasce da poeira e entra na alegria de Deus. Cada um de nós é chamado a percorrer este itinerário de um novo Êxodo. O terceiro empregado não foi convidado a entrar, mas, pelo contrário, foi jogado “lá fora, na escuridão”. Surpreendente? Desconcertante? Não veio, o Filho do homem, buscar e salvar o que estava perdido (Lucas 19,10)? Temos aqui uma passagem do Evangelho que está em contradição com os anúncios de salvação universal. Jesus revela aqui o que deveria acontecer normalmente. Afinal, ele é quem será lançado “lá fora”, fora da cidade dos homens (ver Hebreus 13,12-14). Despojado de tudo, dará sua vida para transmiti-la a cada um de nós. Tomou o lugar deste terceiro servidor.
Marcel Domergue (tradução livre de www.croire.com por Xico e José Lara)

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