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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Meditando o evangelho cotidiano

QUARTA-FEIRA DA TRIGÉSIMA SEMANA COMUM – 25/10/201

Lc 13,22-30: Últimos que serão primeiros.

1. Serão poucos os que se salvam?

O interlocutor anônimo que no evangelho de hoje interroga Jesus sobre o número dos que se salvarão, está a referir-se a uma questão habitual nas escolas rabínicas de então e frequentemente repetida ao longo dos séculos, até constituir para alguns um obsessão pela salvação ou condenação eternas. Todos os rabinos do tempo de Jesus estavam de acordo em afirmar que a salvação era monopólio dos judeus; mas, segundo alguns, nem todos os que pertenciam ao povo eleito a conseguiriam.

Em vez de responder diretamente ao tema apresentado, Jesus começa exortando: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita; pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão". E a seguir explica esta sentença com a parábola da porta que se fecha para alguns, impedindo o seu acesso ao banquete do Reino, enquanto se abre para oútros, vindos dos quatro pontos cardeais; porque "há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos" .

Com esta conclusão Jesus desvaloriza a falsa segurança da salvação fundada na pertença ao povo israelita (ou à Igreja, diríamos hoje). A mensagem deste evangelho, mais do que o número dos que se salvam ou a própria dificuldade para se salvar, como poderia sugerir a porta estreita, é a oferta universal de salvação por parte de Deus, simbolizada na imagem profética do banquete messiânico.

Jesus avisa que a porta de entrada para a vida, para o Reino, é estreita para todos: "Larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos entram por eles. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que os encontram" (diz-se na passagem paralela de Mateus 7,13s). A porta que os que chamam tarde encontram fechada anuncia a auto-exclusão dos judeus e a abertura do Reino e do evangelho às nações pagãs.

2. Urgência da conversão.

Os excluídos da mesa do Reino, esses que conhecem e chamam "Senhor" a Jesus e se têm por amigos seus porque comeram com ele, são, em primeiro lugar, os seus próprios concidadãos. Eles, efetivamente, ouviram Jesus nas suas praças; não obstante, ele desconhece-os porque não converteram o seu coração à boa nova do Reino. E são-no também, em segundo lugar, os cristãos de todos os tempos que, tendo participado na mesa do Senhor, tendo ouvido a sua palavra e tendo-o proclamado Senhor na sua prece, não foram cumpridores da palavra ouvida. Jesus ignorá-los-á e ficarão fora da porta.

O seu lugar será ocupado por outros, vindos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, de todas as partes, também do esquecido submundo da fome e da marginalização. A salvação de Deus por Cristo não se vincula a um determinado povo, raça, religião, cultura ou herança familiar. Para Deus não há monopólios. Todo o que no meio de um mundo pluralista procura e serve a Deus com coração sincero salvar-se-á.

A parábola da porta que se abre para uns e se fecha para outros é um convite universal de Jesus à conversão radical do coração, a fim de conquistar o reino de Deus; pois só os esforçados o alcançam. Conversão urgente, antes que se feche a porta; amanhã pode ser tarde. Que mal nos sentimos quando por nossa culpa perdemos uma viagem previamente planejada com ilusão! E se chegássemos tarde ao reino de Deus por nos entretermos com o que não vale a pena?

Contudo, o evangelho de hoje não permite a neurose obsessiva da própria salvação. Há pessoas que se perguntam angustiadas: Depois de participar fielmente cada domingo, ou cada dia, na eucaristia, salvar-me-ei ou condenar-me-ei? Pergunta que é um fiel expoente da obsessão de segurança de que são tributários o homem e a mulher atuais.

Interrogar-se pela salvação e desejar alcançar a vida eterna é consequência lógica da nossa fé e da nossa esperança cristãs. Mas evitemos as deformações religiosas. Com S. Paulo, devemos saber a quem servimos, em quem confiamos e em que mãos está a nossa recompensa. Apliquemo-nos generosamente à tarefa de amar a Deus e aos irmãos, e o Senhor fará o resto, abrindo-nos a porta da vida a seu tempo.

Fonte: A Palavra de Cada Dia, B. Caballero, Ed. Paulus, Portugal

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