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sábado, 29 de outubro de 2011

31o. DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - 30/10/2011

Domingo, 30 de outubro 2011: 31º domingo do tempo comum – Ano A
Malaquias1,14-2,1.8-2,1-2B-10; Salmo 130; 1 Tessalonicenses 2,7-9,13; Mateus 23,1-12
As armadilhas do poder
De novo, os escribas e fariseus! Por que essa insistência toda de Jesus? Porque são eles que ocupam a “cátedra de Moisés”, o libertador de Israel, e se aproveitam disto para sujeitar o povo. Em vez de abrir o caminho da servidão para a libertação, eles fazem o contrário: fazem o povo passar da liberdade a uma nova escravidão. Usam a Lei para sobrecarregar os ombros das pessoas com um fardo ainda mais pesado do que aquele da escravidão do Egito. Um Êxodo ao inverso! Mas o Evangelho é Boa Nova de Libertação, não um livro de obrigações suplementares. Era impondo obrigações ao povo que os escribas e fariseus estabeleciam o seu poder e edificavam seu prestígio. Claro que esta vontade de dominar, de ser “considerado”, de passar à frente e estar acima dos outros não é próprio só dos escribas e fariseus. Ela grassa por toda a sociedade. Está presente até mesmo, às vezes, no seio das famílias. E podemos descobri-la em nós mesmos. Sem angústia, porém, pois tomar consciência disto já é começar a superá-lo. Deste modo, a propósito dos chefes de Israel, Jesus denuncia um mal universal. Um mal que é expressão do inverso, da face contrária do Evangelho: fazer-se amar, mais do que amar; fazer-se servir, ao invés de servir. Aos olhos da fé, o maior é aquele que serve, o último se torna o primeiro. E isso tudo Jesus não se contenta apenas em “pregar”, é o que ele vive: a escolha do lugar de servidor comanda tudo o que ele faz e que lhe acontece (reler Filipenses 2,5-11). Ser Filho de Deus é isso. E o itinerário que o levou a dar sua própria vida só pode ter um nome: chama-se “amor”. Ele é assim a manifestação perfeita do que chamamos “Deus”. E nós nos juntamos a ele nesta condição de filhos quando, de algum modo, copiamos o seu itinerário. O seu Espírito nos é dado para que possamos ser animados pelo mesmo amor. Não se trata, portanto, de fazer esforços, mas de acolher o dom de Deus.
O maior é aquele que serve
No fundo, esta vontade de dominar provém da falta de fé. Podemos ser tomados de uma inquietação mais ou menos consciente, como se fosse um medo de não ser, ou de não ser bastante. Construímos então nossa vida, não sobre o amor que nos faz ser, mas sobre a consideração que os outros manifestam ter por nós. Ora, buscar este culto vem a ser tomar o lugar de Deus. Aliás, de um falso deus, porque o Deus verdadeiro passa da situação de quem domina para a condição daquele que serve. Somente quando adotamos este caminho é que nos tornamos semelhantes a Deus, imagens do verdadeiro Deus. A única dominação que pode nos fazer existir, temos que exercê-la sobre a nossa animalidade, sobre a nossa vontade de poder. Fazer existir os outros: isto é o que nos constrói à imagem divina. O que é um paradoxo: devemos sair de nós mesmos para dar lugar aos outros. Mas não é isto o que significa a “Trindade”? O Pai só é ele mesmo ao gerar o Filho. E é por isto que Ele é o que é. E nós, por seu Espírito, participamos da filiação do Filho: somos o seu Corpo. É também, portanto, por causa de nós, pelo fato de estarmos aqui, que Deus é o que é. Aquele que é. Este “nós” nos designa a todos, juntos, numa unidade que copia a unidade divina; não tolera, portanto, a hierarquia de inferiores e superiores. “Sois, todos vós, irmãos” nos diz Jesus. As Escrituras o chamam de “Filho único” ou de “Primogênito”, porque ele nos contém a todos. “Tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses 1,16). Quando qualquer educador humano nos ensina qualquer coisa, é o próprio Cristo que através dele nos ensina. E este irmão tem uma finalidade apenas: fazer-nos, através dele, alcançar a igualdade pela comunicação de toda a sua ciência: uma ciência que lhe advém de outro.
Marcel Domergue (tradução livre de www.croire.com por José e Xico Lara)

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